De acordo com Dan Buckley, presidente da Marvel Entertainment, ele está confiante de que a indústria de quadrinhos, que enfrentou dificuldades, está se recuperando e caminhando para um cenário mais estável. Para ele, os desafios atuais são reflexos da crise econômica mundial que acontecem pela pandemia de COVID-19 e estão sendo superados aos poucos.
Buckley foi editor da Marvel Comics no início de 2003. Posteriormente se tornou presidente da empresa em 2017. Ele compartilhou seus insights sobre a situação atual da indústria durante uma entrevista em maio de 2024 concedida a Milton Griepp do ICv2. Griepp pediu para que ele compartilhasse sua perspectiva sobre o cenário dos quadrinhos, Buckley ampliou sua resposta para discutir a situação da indústria como um todo.
Ele expressou a opinião de que a indústria está em um processo de mudança, mas que tudo ocorre bem. Buckley também declarou que há dez anos atrás temia por um colapso nas bancas de jornal.
“Obviamente, houve muitas mudanças, na distribuição, especificamente, no nosso negócio principal de quadrinhos. Como mencionei em minha palestra na conferência da indústria de varejistas profissionais de quadrinhos de 2024, também há um grande crescimento e oportunidades provenientes do negócio OGN de nível médio, onde há muitos novos leitores a serem encontrados, o que é bom. Se você me perguntasse há 10 anos o que eu mais temia, eu estava com mais medo do fato de o negócio das bancas de jornal entrar em colapso e de não termos mais um lugar para as pessoas experimentarem quadrinhos ou aprenderem a ler gráficos. Agora temos realmente um mundo de pessoas que realmente querem ler. É nosso trabalho encontrá-los agora e convertê-los em nosso negócio, mas me sinto muito bem com isso.”
O presidente também respondeu questionamentos sobre o estado do mercado direto. O mesmo respondeu com alegações de que apesar de achar que se encontra em uma situação melhor do que o normal, não está isento de problemas. Buckley também frisou que busca encontrar soluções para resolver o declínio de patrocinadores e varejistas.
”Estamos tentando encontrar uma saída para as consequências da pandemia. Temos que encontrar uma maneira de fazer com que as pessoas adquiram o hábito de ir mais às lojas: vamos recuperar os Wednesday Warriors. Acho que muitas dessas pessoas ainda fazem compras nas lojas, mas não navegam tanto. O que ouvimos é que as pessoas não vêm toda semana. Eles vêm a cada duas, três, quatro semanas, pegar seus pacotes. Temos que fazer com que eles comecem a ir à loja com mais frequência, a navegar com mais frequência. Sim, temos que conseguir novos leitores, mas temos que fazer com que aqueles que têm sido leitores habituais, ou que são leitores inativos, entrem nas lojas com mais frequência.”
Da mesma maneira, quando foi questionado posteriormente, se considerava que os recentes declínios nas vendas da Marvel Comics estavam relacionados às tentativas recentes da empresa de agradar um público mais diversificado, Buckley descartou essa ideia e defendeu que, na realidade, essa interpretação era uma compreensão equivocada do impacto geral que a crise econômica da pandemia teve.
”Não creio que a ampliação do nosso público tenha algo a ver com o fato de haver alguma degradação em nosso apelo junto aos adolescentes e jovens adultos do sexo masculino. Não creio que a ampliação do nosso público tenha algo a ver com o fato de haver alguma degradação em nosso apelo junto aos adolescentes e jovens adultos do sexo masculino.”
Dan continuou sua explanação e seguiu a linha de colocar a culpa na pandemia pelas críticas em relação a pautas ideológicas nas obras. Para ele, houve a criação de um ”ruído branco”. Para ele, essa ampliação para histórias com mais diversidade não diminuiu o número de leitores.
“Continuamos a dizer como podemos aproveitar esse alcance para ajudar a alimentar o negócio de quadrinhos e a crescer e sustentar essa base de leitores. Não, não acredito que nossa ampliação tenha causado uma diminuição no número de leitores.”
Buckley finalizou dizendo que os críticos podem achar uma história que não vendeu para poder se embasar. Contudo, ele não acredita em uma queda no mercado por conta de uma mudança narrativa.
