Alerta: Este artigo contém spoilers de Joker: Folie à Deux.
“Só espero que minha morte faça mais sentido do que minha vida“, escreve Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) em seu diário no filme Joker de 2019. Depois dos eventos do primeiro filme, Arthur acabou sendo preso e agora na sequência acompanhamos seu julgamento.
Durante o julgamento televisionado, processado pelo assistente do promotor de Gotham, Harvey Dent (Harry Lawtey) — no qual Joker, completamente maquiado, se defende após dispensar seu advogado (Catherine Keener) — o palhaço confessa, depois do testemunho emocionado de seu ex-amigo e colega de trabalho Gary Puddles (Leigh Gill): não há uma personalidade dividida. Não há Joker. Só existe Arthur.
“Ele percebeu que tudo é tão corrupto, que nunca vai mudar, e a única maneira de consertar isso é queimar tudo. Quando aqueles guardas matam aquele garoto no [hospital], ele percebe que vestir maquiagem, colocar esse disfarce, não está mudando nada. De certa forma, ele aceitou o fato de que sempre foi Arthur Fleck; ele nunca foi essa coisa imposta a ele, essa ideia que as pessoas de Gotham colocaram nele, que ele representa.”
explicou o diretor Todd Phillips à Entertainment Weekly.
“Ele é um ícone involuntário“, continuou Phillips. “Isso foi colocado sobre ele, e ele não quer mais viver como uma farsa — ele quer ser quem ele é.” E quem ele quer ser é Arthur Fleck.
“A coisa triste é que ele é Arthur, e ninguém se importa com Arthur”, disse Phillips, incluindo Lee. “[Ela] está percebendo, estou em outra viagem, cara, você não pode ser o que eu queria que você fosse.” A sequência da separação de Arthur e Lee nas escadas está “realmente acontecendo“, acrescentou Phillips, e não na cabeça de Arthur.
No final, há um componente metalinguístico na realização de que Arthur Fleck não é o Joker. Assim como os espectadores que deram a Joker 2 uma nota D no CinemaScore podem concordar: ninguém se importa com Arthur, a menos que ele seja o Joker, e Arthur não é o Joker.
Coringa: Delírio a Dois está em cartaz nos cinemas.
TEXTO POR: EDINOR JUNIOR
