O movimento woke, responsável por iniciativas como o Black Lives Matter e o #MeToo, tem mostrado sinais de enfraquecimento nos Estados Unidos, onde teve sua origem e maior força. Líderes desse ativismo, como Regina Jackson e Saira Rao, estão preocupadas com a queda de interesse da população em temas como racismo, colonialismo e imperialismo. Em entrevista à revista The Economist, Rao afirmou que “o pulso do anti-racismo, anti-colonialismo, anti-imperialismo e anti-genocídio está morto”, refletindo o declínio do engajamento popular.
Regina Jackson também observa mudanças, mencionando proibições relacionadas a livros e a interrupção de iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) dentro de empresas. O movimento woke alcançou seu auge entre 2021 e 2022, após um crescimento significativo iniciado em 2015 com a ascensão de Donald Trump e eventos marcantes como o #MeToo e os protestos do Black Lives Matter. Contudo, desde então, o apoio tem diminuído.
A pesquisa citada pela The Economist mostra que as opiniões woke sobre discriminação racial começaram a crescer por volta de 2015 e atingiram o pico em 2021. No entanto, em 2023, apenas 35% dos americanos se disseram “muito” preocupados com questões raciais, em comparação aos 48% em 2021. Esse declínio é mais evidente entre jovens e liberais, dois grupos que antes lideravam o apoio ao movimento.
A queda no ativismo woke também é observada em questões de gênero. A crença de que as mulheres enfrentam grandes obstáculos devido ao sexismo atingiu seu pico em 2018, logo após o movimento #MeToo, mas desde então tem recuado. A oposição ao direito de pessoas trans participarem de equipes esportivas que correspondem à sua identidade de gênero também cresceu de 53% em 2022 para 61% em 2024.
Outro indicativo do enfraquecimento do movimento é a diminuição do uso de termos associados ao woke na mídia americana. Palavras como “interseccionalidade” e “privilégio branco” tiveram seu auge entre 2019 e 2021, mas caíram drasticamente desde então. O termo “privilégio branco”, por exemplo, apareceu no New York Times 2,5 vezes a cada milhão de palavras em 2020, mas caiu para 0,4 em 2023, sinalizando uma mudança na percepção pública sobre essas questões.
O que foi o movimento #MeToo?
O movimento #MeToo foi um movimento social que ganhou força em 2017, com o objetivo de combater o assédio sexual e a violência contra mulheres, especialmente no ambiente de trabalho. Ele foi popularizado após a publicação de denúncias contra o produtor de cinema Harvey Weinstein, acusado por várias mulheres de abuso sexual. Essas acusações abriram caminho para que muitas outras mulheres (e alguns homens) compartilhassem suas próprias experiências de abuso, usando a hashtag #MeToo nas redes sociais.
O movimento teve um impacto profundo, resultando na demissão de figuras poderosas em diversos setores, principalmente no entretenimento, mídia e política, e em debates globais sobre o abuso de poder, assédio e desigualdade de gênero. Embora tenha ganhado destaque em 2017, o termo “Me Too” foi inicialmente cunhado em 2006 pela ativista Tarana Burke, que buscava oferecer suporte para vítimas de violência sexual, especialmente mulheres negras e de comunidades desfavorecidas.
A força do #MeToo desencadeou uma onda de conscientização sobre assédio sexual, levando a mudanças em políticas corporativas e legislações, além de fomentar discussões sobre a importância de acreditar nas vítimas e de garantir ambientes seguros, especialmente para as mulheres.
Cultura Woke X Cultura POP
Do ponto de vista nerdola, a crescente presença de produtos considerados “woke” na cultura pop tem sido vista com ceticismo e crítica. O termo, que originalmente se referia à conscientização sobre questões sociais, passou a simbolizar uma agenda progressista forçada dentro do entretenimento. Filmes, séries e quadrinhos que focam em “diversidade” e “representatividade” na sua grande maioria colocam a mensagem política acima da qualidade das histórias, gerando a sensação de que essas produções são veículos de doutrinação ideológica.
Para o grande público, essa mudança não representa um avanço, mas uma ruptura com a essência do entretenimento, que deveria priorizar narrativas envolventes e personagens bem desenvolvidos, ao invés de mensagens ideológicas.
Essa recepção crítica vem do fato de que muitos enxergam esses produtos como divisivos e desconectados dos valores e tradições que moldaram a cultura pop ao longo das décadas.
A inclusão forçada de temas políticos muitas vezes aliena uma parte significativa do público, que sente que suas preferências estão sendo ignoradas em nome de um ideal progressista. Ao invés de unir, essas obras acabam gerando polarização, à medida que focam em atender a uma agenda ideológica em vez de entregar entretenimento de qualidade que possa ser apreciado por todos, independentemente de suas crenças políticas.
O resultado disso foram obras medíocres com baixa aprovação e colossais fracassos financeiros, os exemplos vão desde filmes como The Marvels, até series como She Hulk, The Acolyte e games como Concord e Suicide Squad: Kills the Justice League, todos produtos com forte influência da cultura Woke e que tiveram resultados financeiros pífios.
Como contramedida muitas empresas estão abandonando suas iniciativas “Woke” em prol de retomar o entretenimento universal e o resultado dessas iniciativas tem caído no gosto popular, os exemplos mais recentes são filmes como Top Gun: Maverick, Deadpool e Wolverine e games como Stellar Blade e Black Myth Wukong, todos com resultados financeiros surpreendentes.
TEXTO POR: EDINOR JUNIOR